Foi sofrido, suado, chorado, mas enfim, o Atlético Mineiro ganhou a Libertadores da América.
A competição, vista como mais importante do hemisfério sul, chegou ao fim com uma partida memorável. De um lado, o Olimpia do Paraguai, que jogava com resultado favorável obtido em casa na primeira partida no Defensores Del Chaco, em Assunção. Do outro, o Galo, que contava com a massa atleticana a seu favor para pressionar o adversário, mas que teve que jogar, por medida da Conmebol, no Mineirão e não no Estádio Independência, como feito nas etapas anteriores.
O Olimpia veio com uma proposta de jogo defensivo, a fim de manter o resultado, aliado a catimba sul-americana, já de início. O contra-ataque era visto como ameaça, até por que a equipe mineira demonstrou um certo nervosismo. O primeiro gol, de Jô, fez com que os ânimos ficassem ainda mais acirrados.
O tempo foi passando e quase no fim da etapa complementar, Leonardo Silva fez o que parecia impossível: um belo gol que encobriu o goleiro paraguaio. A partida se encaminhava para a prorrogação e mais tarde para os pênaltis. Na primeira chance que teve, Victor, goleiro atleticano, agigantou-se e mostrou porque é um dos melhores goleiros na atualidade, defendendo a primeira cobrança. No final, com o chute para fora, Victor correu para o abraço de seus companheiros. Era o fim de um ciclo e o início de um legado.
O time, montado por jogadores vistos como problemas extracampo, era motivo de desconfiança, com nomes como Pierre, dispensado pelo Palmeiras depois de sérias lesões, e Richarlyson, que saiu do São Paulo sem mágoas; dois volantes que se mostraram indispensáveis ao esquema de jogo. Rever ganhou o reforço de Leonardo Silva, oriundo do rival Cruzeiro, e que logo de cara sofreu sérias lesões, mas juntos atuaram como cães de guarda da defesa mineira. Bernard e Ronaldinho Gaúcho também mostraram entrosamento incrível: o primeiro quase foi dispensado pelo seu porte físico, franzino, e o segundo veio sob forte desconfiança após sua saída conturbada do Flamengo. Diego Tardelli, atacante, deu ótimas opções no ataque, atuando como pivô que chamava a marcação adversária e ao mesmo tempo dava velocidade nas investidas mineiras. No gol, Victor, jogador de alta performance e que hoje é visto como um dos grandes ídolos da massa mineira. No comando, Cuca, técnico que saiu do São Paulo e que chegou a acumular 6 derrotas iniciais, mas com aval da diretoria, teve tempo e tranquilidade para montar o time. De renegados a heróis.
Cuca quebrou a fama de azarado, Bernard foi gênio, e Ronaldinho entrou para o rol seleto de poucos jogadores que ganharam a UEFA Champions League e Libertadores, mas com uma diferença: o único jogador detentor do título de Melhor do Mundo. Talvez, todas as adversidades serviram para motivar o time em busca de vitórias e rompimento com que era apontado como lógico, afinal, teve tudo para ser um fiasco se for levado em conta o que passou. Mas o que para muitos era motivo de tristeza, para o Galo era a certeza de superação. Essa é uma das lições mais importantes do futebol, saber superar as adversidades e transformar limão em limonada.
Agora o time volta suas atenções ao Campeonato Brasileiro, sem tirar o olho do Mundial de Clubes Fifa, que será disputado no Marrocos, com a presença do gigante Bayern de Munique, da Alemanha, comandado por ninguém menos que Pep Guardiola. Se a quebra de paradigmas continuar, eis mais um motivo para que o Atlético Mineiro possa obter o título de Campeão do Mundo e cantar de galo.
Por Junior Almeida
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